Manifesto enviado pelo Brotense Vandilson Rosa Matos. Advogado que atualmente reside Brasilia e tem como objetivo, o impedimento da desativação da Comarca de Brotas de Macaúbas realizada através da Resolução TJBA 06 de 05 de Julho de 2017.
Confiram na íntegra o manifesto denominado de Reage Brotas. Pela manutenção de nossa Comarca!
Brasília (DF) 19 de
julho de 2017.
“Na
primeira hora fecham o Fórum, e, desiludidos, pouco fazemos ou não fazemos
quase nada. Se nos acomodarmos, cruzarmos os braços e silenciarmos, além do fórum irão fechar, por falta de
viabilidade econômica, ou por qualquer pretexto, o correio, a embasa, a
farmácia, o hospital, a prefeitura e a câmara... Quando fecharem o cemitério
não teremos para onde morrer”. (Reflexão inspirada no poema original de
Bertold Brecth)
Prezados
conterrâneos e amigos de Brotas e de Ipupiara. Tomei conhecimento da
desativação da nossa Comarca (Fórum de
Brotas) por meio de matéria publicada aqui no Portal Brotas News e através da
Resolução TJBA 06 de 05 de Julho de 2017.
Confesso
que, como advogado – mesmo há muito tempo militando no Distrito Federal –, e principalmente
como cidadão, fiquei muito triste, por vários motivos, principalmente ao
lembrar-me da realidade que conheço das pessoas mais necessitadas, aqueles que
residem na zona rural e nos pontos extremos dos dois municípios envolvidos, que
terão dificultado sobremaneira – ou até mesmo ficarão impossibilitados – do exercício do livre acesso ao Poder
Judiciário a que fazem jus.
Desde
o início tentei, sem êxito, me informar sobre as providências a serem tomadas pelo Poder Público local, através
de contatos telefônicos e mensagens transmitida por WhatsApp. A minha intenção era de conhecer e, se possível
colaborar, com ideias, das iniciativas a serem adotadas pela Administração
Pública, detentora que é da primazia e da estrutura jurídico-operacional, no
sentido de combater a medida inconstitucional, ilegal e arbitrária perpetrada
pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, através da Resolução 06/2017, que
culminou como a extinção da comarca, a pretexto de uma falsa e irreal inviabilidade
econômica, dentre outras alegações vazias.
De
passagem por Brotas, infelizmente, não vislumbrei nenhuma mobilização popular
ou sentimento de perda pelo relevante fato. Ao contrário, vi muito euforia, muito
investimento e até uma certa organização em torno das festas populares locais,
inclusive dos festas juninas – que, reconheço, fazem parte da cultura local da
região. Desde aquele período festivo já vinham sendo veiculadas noticias sobre
o tema, inclusive, à época, salvo engano, já havia acontecido uma visita “de despedidas” da Corregedoria do Tribunal
de Justiça à sede da Comarca.
Ponderei
que sozinho nada posso fazer morando distante e sem tempo disponível,
principalmente diante do “silêncio eloquente” que até então pairava na
atmosfera brotense, a exceção, como sobredito, da noticia divulgada por este
importante informativo eletrônico, que, todavia, para minha surpresa, não
mereceu a necessária repercussão, como outros fatos e notícias aqui veiculadas.
Sequer
mereceu a notícia comentários ou protestos de qualquer natureza, apesar da boa e abrangente audiência deste informativo. Somente
depois ouvi falar, por alto, em uma vã reunião mantida por autoridades locais
com a presidência do Tribunal de Justiça, a gestora do Tribunal, responsável
direta pelo fechamento, todavia,
não vi divulgado qualquer encaminhamento dela resultante.
Algum
tempo se passou até que recebi, no fim da semana passada, uma ligação
telefônica do meu irmão Wanderley Rosa Matos, que assina a Coluna Brotas na
História deste Portal, preocupado com a extinção da comarca, bem como a
transferência do importante acervo histórico existente em seus registros,
preste a serem engavetados definitivamente para um “arquivo morto” localizado
em qualquer subterrâneo do Tribunal de Justiça, na Capital do Estado.
Deu-se,
a partir de então, pelo que senti, uma incipiente e salutar movimentação da
Sociedade Civil, à qual, com o aval dos demais membros, tomei a liberdade de
denominar no titulo deste manifesto de Movimento Reage Brotas! Pela Manutenção da Nossa Comarca, pela qual, partindo da reflexão inspirada
no poema histórico de Bertold Brecth,
convido a toda população de Brotas e de Ipupiara e os poderes
constituídos remanescentes, para abraçarmos a causa, sem temer o resultado
vindouro, seja ele qual for. Espero que este movimento não morra no nascedouro.
Acredito
que, o que nos parece impossível à princípio, não passa de um desafio que nos é
posto. Cabe-nos, juntos, enfrentá-lo e vencê-lo, ou simplesmente acomodarmos e
conformarmos com o que nos dizem aqueles que acham impossível a jornada.
“Na primeira noite, eles se
aproximam e roubam uma flor do nosso jardim e não dizemos nada. Na segunda, já
não se escondem. Pisam as flores, matam o nosso cão e não dizemos nada. Até que
um dia o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz e,
conhecendo o nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer
nada (Bertold Brecth).
Pois
bem. Mesmo necessitando de apoio e adesões imprescindíveis das demais
autoridades locais, a caminhada parece que já começou! Depois do contato
realizado no final de semana passado, comunicou-se com o Presidente da Câmara
Municipal, Wemerson Cleiton Rosa de Araújo e com o Prefeito Municipal, através
da Procuradoria Geral do Município, os quais, em reunião, da qual participei por
conferência telefônica, explanaram sobre as medidas que já haviam sido adotadas por estes Entes
Públicos (Prefeitura e Câmara), dentre outras idealizadas. Foi ressaltada a
ação promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil, para a qual contribuiu
efetivamente a Procuradoria Geral do Município, conforme me foi informado.
Da
reunião participou o "historiador" Wanderley Rosa Matos e a ex-vereadora Generosa
Oliveira de Araújo, além da minha pessoa (por conferencia telefônica) e da Dra.
Tais Fernandes, Procuradora Geral do Município. Ao final ficaram acertadas as iniciativas a serem tomadas, dentre as
quais o possível agendamento de uma reunião com a Ministra Carmem Lúcia,
presidente do Conselho Nacional de Justiça e do Supremo Tribunal Federal e possível
reunião com a Ordem dos Advogados do Brasil, que patrocina a ação coletiva em favor da reabilitação de
todas as comarcas extintas e/ou agregadas, dentre as quais a nossa Comarca.
Momentos
antes da reunião realizadas com os representante dos Poderes Legislativo e
Executivo, a comissão inicial – Wanderley, Generosa e Wemerson Cleiton -, já
havia se reunido com os servidores públicos do fórum local que concordaram com
a medida sugerida e com a nova estratégia, a ser estudada com mais detalhes,
consistente no ajuizamento de possível medida junto ao Conselho Nacional de
Justiça, sediado em Brasília, acaso abraçada a ideia pelo Poder Executivo
local, em busca da anulação do ato do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia.
Para
adoção de tais medidas, todavia, será necessário e imprescindível empenho de
todos os envolvidos, sem exclusão de ninguém, principalmente do Poder
Executivo, através do Prefeito Municipal Litercílio Júnior, uma vez que a luta
é coletiva e reporta-se aos nossos antepassados que lutaram pela construção de
um município pleno, sem olvidar das gerações futuras, que o recebera, sem, contudo, qualquer conotação
politico-ideológica e/ou partidária ou interesses particulares neste movimento,
assim eu espero.
“Vamos precisar de todo mundo,
um mais um é sempre mais que dois (...) Pra melhor juntar as nossas
forças, É só repartir melhor o pão,
Recriar o paraíso agora, Para merecer quem vem depois” (O Sal da
Terra, Beto Guedes).
O
presidente da Câmara anunciou a reunião com o Juiz da Comarca, o que já
aconteceu na tarde de hoje (19/07/2017), bem como a convocação de uma Sessão Pública
na Câmara Municipal para debate do tema com a população local, informando que entrou
em contato com a presidente da Câmara Municipal de Ipupiara a quem sugeriu a
realização de uma reunião similar naquele município vizinho. Foi sugerida ainda
a realização de um abaixo-assinado e de um “abraço simbólico” ao fórum local,
dentre convocação de outras medidas e atos de resistência popular a serem
realizados nos dias que se seguem, inclusive a criação do grupo no wattsapp,
para compartilhamento de informações entre os responsáveis. A parte técnico-jurídica, agendamento de
visitas e outras medidas estão dependendo da adesão pessoal das autoridades que
ainda não se manifestaram, bem como da reunião de toda a documentação e
informações pertinentes, cujas tarefas foram informalmente distribuídas.
Embasamento Técnico. A ideia central
por nós sugerida, apesar do “andar da carruagem”, é na diretriz da realização de uma possível ação/representação individual, com pedido de tutela de urgência (medida em
estudo), para o fim de anular a Portaria
TJBA 06/2017, a tramitar, preferencialmente, pelo Conselho Nacional de Justiça,
ou onde de direito for, paralelamente a ação coletiva já promovida pela OAB,
ora em tramite no Tribunal Regional Federal. Isto por conta das peculiaridades
locais e regionais, da viabilidade econômica e principalmente pelo prevalente
critério da viabilidade social, bem como do histórico e da extensão territorial
da Comarca de Brotas, à qual integra o Distrito Judiciário do aprazível
município de Ipupiara, dentre outras razões técnico-jurídicas a serem
desenvolvidas no expediente próprio.
A
alegação esposada na Resolução TJBA 06/2017, segundo a qual a medida foi autorizada por Resolução 184/2013 do Conselho
Nacional de Justiça, tal qual as demais alegações, a nosso sentir, não prosperam,
inclusive na opinião da Procuradora da Câmara Municipal, Dra. Lucília Rosa Matos. No entendimento por nós discutido e
compartilhado, s.mj, tal medida,
inclusive não poderia ser tomada por meio de simples Resolução, ainda que emanada
do Tribunal Pleno, e sim por projeto de Lei
Ordinária Estadual, a modificar os critérios estabelecidos para criação e extinção
de Comarcas, previsto que estão na Lei de Organização Judiciária ou de Projeto de Emenda à própria Constituição
do Estado da Bahia, esta mediante aprovação, por quórum qualificado, medidas a
serem sancionadas pelo Governador do Estado, isto apesar da Autonomia Administrativa e Orçamentária
conferida às Cortes Justiça do Estado.
Tal entendimento, ao qual outros muitos argumentos se somam, também foi respaldado
por Roberto Martins Novaes, servidor do Fórum local, através de recentes
contatos telefônicos mantidos com este subscritor, o qual expressou, dentre
outras reflexões, a que a medida a ser
ingressada no CNJ “seria menos difícil do que a ação coletiva da OAB”.
“Tudo tem o seu tempo
determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec. 3.1)
Convido-vos,
pois, a luta, brotenses e ipupiarenses
de nascimento ou de coração, classe dos juristas, outros profissionais, autoridades
constituídas dos dois municípios envolvidos – Brotas e Ipupiara –, conterrâneos
espalhados pelo Brasil e pelo mudo afora e a população em geral. Com o
imprescindível e efetiva participação da Administração Pública Local e do Poder
Legislativo, juntemos as nossas forças para o bom combate. A contribuição e o
apoio de todos se faz imprescindível.
À
Luciano Brotense e toda Equipe do Portal
Brotas News os meus antecipados agradecimentos.
Vandilson Rosa Matos
Contato: e-mail roma_vrm@uol.com.br
Watts app (61)
98100-9772
LSNSJC/PSSLFoto Reprodução
Brotas, 23/07/2017
Sugiro estender aos demais distritos integrantes da Comarca de Brotas, os distritos de OURICURI DO OURO e SAUDAVEL no município de Brotas de Macaúbas e o distrito de IBIPETUM no município de Ipupiara. O poder publico local e a sociedade civil constituída, através de suas associações de moradores deverão participar desta empreitada. Muitos povoados destes distritos ficarão sem o acesso ao judiciário.
ResponderExcluirPrimeiro fecharam os cartórios de registros civil de Saudável e Ouricuri do Ouro e quem quisesse registrar nascimento, óbito, casamento, escrituração etc, tinha que ir a Brotas. Depois fecharam os cartorários de Ibipetum e Ipupiara e o Prefeito de Ipupiara conseguiu uma sala no prédio da Prefeitura e manteve o de Ipupiara. Daqui a pouco fecham os cartórios de Ipupiara e de Brotas de Macaúbas, quem quiser registrar nascimentos, óbitos, casamentos, escriturar etc deverá ir para a Comarca de Oliveira dos Brejinhos e a alegação é inviabilidade de demanda. Até quando a população vão ficar com um zíper na boca e não reagir? Seus direitos são tirados e ninguém faz nada para contornar a situação! Acorda meu povo e autoridades competentes dos dois municípios.
ResponderExcluir