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quinta-feira, 20 de agosto de 2020

COMPORTAMENTO: O FANATISMO POLÍTICO É A NOSSA DERROTA DIÁRIA

Coluna A Gente Que Faz - O Fanatismo Político é a Nossa Derrota Diária

Por Rôney Araújo







   

Com o país dividido entre lulistas e bolsonaristas, cresce uma onda de irracionalidade presente nas relações diversas do cotidiano, quer seja no futebol entre amigos ou então naquele almoço familiar de domingo. No trabalho, no clube, no bar, enfim, em todo lugar a conversa amena cedeu espaço para o diálogo acalorado sobre política. Em tese, falar a esse respeito é uma atitude positiva, afinal a política é intrínseca a todas as outras coisas. Contudo, configura-se um problema quando a prosa é pautada por defesas apaixonadas e ignora por completo o bom senso, procurando legitimar uma ideia mesmo essa não fazendo o menor sentido.

 

Chegamos a pensar por um momento sobre o advento da internet e o quão isso poderia viabilizar o debate e promover a união entre as pessoas, mas, no tocante, o efeito foi o contrário. Com a imensa quantidade de informações veiculadas, assistimos atônitos a pulverização das opiniões sendo elas, quase sempre, sustentadas com argumentos mentirosos e de caráter truculento. A tônica  observada é no sentido  de realçar a narrativa por meio de dados inverossímeis a fim de fortalecer o grupo responsável por aquele discurso.

 

Fruto desses grupos, o fanático político é aquele sujeito alheio a realidade concreta das coisas, pois, em sua cabeça, é conservado um estado psicológico doentio em favor de alguém. Para ele, pouco importa se o seu líder toma decisões certas ou erradas, o essencial é defendê-lo de todas as formas possíveis, inclusive sacrificando a própria vida, em casos extremos. Esse fenômeno faz parte tanto da esquerda quanto da direita, trata-se, portanto, de pessoas enlouquecidas as quais mantêm uma visão distorcida sobre si e a sociedade.

 

O fanático tem pouco apreço pela dialética. Uma vez essa destacada pela contraposição das ideias e com foco na teoria, torna-se um empecilho ao indivíduo alienado, pois, esse se alimenta do empírico e das condições dadas aí. Além disso, o fanatismo gera uma perspectiva confusa e misturada entre o autor e a obra, numa espécie de metonímia ambulante. Por exemplo, para um direitista doente, gostar das músicas de Caetano Veloso é impensável, em razão do cantor se considerar de esquerda. Já para um radical esquerdista, é um crime elogiar a atuação frente às câmeras da atriz Regina Duarte.

 

Engana-se quem pensa que somente na esfera federal as pessoas inflamam seus discursos e defendem seus políticos de estimação, na conjuntura municipal isso também ocorre. Com as eleições se aproximando, cresce o movimento ufanista tentando fazer desse ou aquele o próximo salvador da cidade. Há, no entanto, uma diferença entre os dois cenários: no federal ainda se leva em consideração o partido do representante, no municipal isso não tem tanta importância. Para o munícipe, o amor é personalizado e o escolhido será visto como um semideus.

 

Manter essa postura nos coloca em uma posição lastimável de negação do diálogo. Se perdemos essa capacidade, o saldo político jamais será positivo. É válido pensar diferente e reconhecer isso tem a ver com a sua civilidade. Quem pensa em descompasso a você é merecedor de respeito e deve ser assim tratado. Precisamos combater essa mentalidade atrasada a qual nos imputa uma intolerância para com os discordantes. Uma guerra civil se inicia desse jeito, quando um grupo tenta homogeneizar uma ideologia e nega aos outros a possibilidade de ir contra.

 

A politização sempre será algo bom. Talvez no Brasil o modo escolhido por muitos seja um tanto perigoso. Quando nos inteiramos, estamos, entre outras coisas, dizendo aos nossos representantes para eles trabalharem dentro da ética, afinal estaremos de olho em qualquer ato ilícito. Entretanto, se esse movimento for galgado por uma participação fanática, nos deixará piores do que aqueles despolitizados, e assim será melhor nos ocuparmos em saber se irá chover ou sobre a tendência da moda.

 

Por fim, é bom lembrarmos a quem interessa a manutenção desse quadro fanático na população: os políticos. Para eles, conservar essa disposição é salutar e necessária para o ofício da governança. Nessa condição, o sujeito não questiona e tampouco cobra seus direitos, portando-se como um animal adestrado e passivo. Logo, prolongar tal contexto é parte vital do repertório de picaretagens de muitos eleitos e não-eleitos. Recusemos a viver nessa inércia. Caso ainda queira ser um fanático, seja a você mesmo, mas tome cuidado, o narcisismo também é ruim.



Fotos da Redação
21/08/2020
COMPORTAMENTO: O FANATISMO POLÍTICO É A NOSSA DERROTA DIÁRIA
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