AO DONO DA CADEIRA, ÀS PRIMEIRAS HONRAS
O atual prefeito de Brotas, Dr. Kléber, tem à sua disposição um cenário quase impositivo de tentativa de reeleição. Na cúpula do seu partido, o PSD, não existe outra figura com mais apelo e prestígio; e se olharmos para o outro lado da composição, o PP, tampouco oferece qualquer perspectiva de lançar outro nome senão o do médico. Costumeiramente no Brasil, quem é eleito ganha também a tiracolo o direito a concorrer à reeleição; logo, é impensável não vermos Dr. Kléber na disputa do próximo ano.
Seu governo é visto de médio para bom; nada excepcional, mas nem de longe exibem resultados horríveis que inviabilizam sua tentativa de emplacar mais um mandato. E como o ensejo desse artigo não é apontar as falhas ou regozijar os acertos do prefeito, atinamos apenas ao seu cacique político conquistado com sobras em 2020. De lá pra cá, é razoável intuirmos que houve um desgaste. Quem está no poder desagrada mais, pois as demandas são imensas e o povo é impaciente.
Decerto, o doutor preocupa-se com o tema, e observa o melhor antídoto a tomar; com perdão do trocadilho, de remédio ele entende bem. Porém, também é fato que a maior parcela de apoiadores do prefeito mantém-se firme com ele. Ouso a dizer que o quantitativo do último pleito está preservado entre 70 a 80%. Isso é muita coisa. Mais pra frente, entraremos nos cálculos frios da matemática e atestarei o quão larga bem o chefe do Executivo Brotense.
EM TEMPO, NÃO VALE TUDO NA POLÍTICA!
Um parêntese na análise para abordarmos um fato lamentável ocorrido nas mídias sociais nos últimos dias. De autoria desconhecida, um vídeo circulante nos meios digitais supostamente denuncia diárias dispostas pela então Secretária de Educação, a senhora Gislene Leite, utilizando uma linguagem ofensiva e um tom jocoso. O BN e este colunista repudiam esse tipo de conduta. Política se constrói com diálogo e discordâncias, tudo dentro das linhas da democracia e do respeito. Qualquer ato que ocorra fora dessa seara, deve ser rechaçado. Existem dispositivos legais de fiscalização e denúncias no setor público abertos para qualquer cidadão. Difamar alguém não é algo correto e foge à civilidade. Fica registrado toda a solidariedade à senhora Secretária.
EDILSON LIDERA A OPOSIÇÃO
Terceiro colocado em 2020, parece que o empresário Edilson Campos aprendeu bastante com o episódio. Não havia nada errado em lançar-se candidato naquele momento, embora o quadro particionado em quatro vias arruinava qualquer expectativa de vitória. O fato é que ele fez do revés uma oportunidade para transpor de vez seu principal obstáculo junto à população: não ser conhecido. Três anos se passaram e essa dificuldade foi superada. Além de ter mantido suas empresas atuado em Brotas pós-eleição, operando hoje com mais de 300 funcionários, e de quebra invalidando o argumento dos que o acusavam de retirar seus negócios do município caso perdesse, Edilson ainda mostrou-se participativo nos assuntos relevantes na esfera brotense.
Dito e feito! Seu capital político aumentou e, se antes teve uma votação importante, espera-se que a próxima cresça mais, colocando-o como a principal força de oposição. E como não existe vácuo na política, esse espaço herdado pelo empresário vem da sua própria trajetória de crescimento somado ao esvaziamento assolado ao PT, onde sua principal liderança na região, o ex-prefeito Litercílio Júnior, ao que tudo indica, tirou seu time de campo (ou foi obrigado a fazê-lo?). Entretanto, é bobagem pensarmos que o PT não terá protagonismo na próxima eleição, pelo contrário, talvez seja ele o fiel da balança.
O PT E SUA DIFÍCIL TAREFA
Ao escantear o ex-prefeito Litercílio Júnior, abraçando a ideia de ter um candidato petista raiz, o PT local fez uma escolha corajosa e complexa. Corajosa no que se refere a romper com um quadro repetitivo e que, mesmo colaborando muito para o crescimento do município, deu mostra de esgotamento no seu formato de governo. Complexa porque, dicotomicamente, Júnior é ainda a figura política com maior engajamento dentro do partido. Não há ainda quem despontou como candidato viável e pronto a competir pela cadeira executiva. Mas tudo é processo, e percebe-se que o partido já entendeu bem essa necessidade e começou a fazer os movimentos básicos a este fim.
Nos últimos dias vimos dois pré-candidatos lançando-se (ou foram lançados?) seus nomes para a próxima disputa.
O primeiro, foi o engenheiro Jonatas Sodré que anunciou-se recentemente colocando o seu nome à disposição, inclusive postando fotos ao lado de pessoas influentes no governo, além do próprio Governador do Estado, Jerônimo Rodrigues. Jonatas conta com um lastro importante deixado por sua tia, Generosa, ex-vereadora, petista, com destacada atuação no município e respeitabilíssima pelo povo brotense. Foi Losa, como é carinhosamente conhecida, quem fundou o Partido dos Trabalhadores em Brotas de Macaúbas. Embora estivesse ao lado de Edilson na última eleição, é factível aludirmos que, tendo o sobrinho na disputa, a senhora Generosa abrace sua campanha.
O segundo postulante para vencer as prévias do partido é vereador de dois mandatos, João Paulo do Buriti, como se é conhecido, e ao lado de um padrinho forte, o deputado federal, Valmir Assunção, onde ambos já articulam os próximos passos dessa empreitada.
Tanto João Paulo, quanto Jonatas, esbarram nos mesmos problemas: ínfimo capital político e ter dois adversários na corrida já consolidados. A terceira via brotense hoje é o PT, isso é um fato. E não há demérito, apenas uma constatação óbvia resultante do desfecho trazido pelos últimos acontecimentos. Tanto Kléber, quanto Edilson, estão em posições mais seguras, definidas, e só sobrou ao PT remar um oceano com o intuito de mostrar-se competitivo no ano que vem. Todavia, a política é dinâmica; e prevê futuro eu deixo para os adivinhos. Vale lembrar que o Governo Federal e Estadual estará ao lado do candidato petista, e querendo ou não, tal apoio costuma guinar qualquer campanha. Se isso será suficiente? Eu não sei! Mas certo mesmo é que os petistas terão sérias dificuldades para reverter essa conjuntura.
PARA ARREMATAR, FALEMOS DA MATEMÁTICA
Segundo o IBGE, Brotas tem 11.765 habitantes, com 7.682 eleitores, dados da última eleição. Uma fatia de no mínimo 3.300 pessoas, já somadas as perdas e os ganhos, certamente estará apoiando Dr. Kléber. É uma questão lógica. Nunca um candidato do referido grupo tirou menos votos que esse número, estando ou não no poder. Sobram 4.382 votos. Edilson, como ressaltado anteriormente, cresceu seu contingente, e dos poucos mais 1.000 votos que teve na passada, é provável que dobre, ou irá além disso. Restaria para o PT uma parcela pequena, pois não teria mais a figura de Júnior e se defrontaria na pouca força dos candidatos até então ventilados. Nesse cenário o doutor seria reeleito.
ESTRATÉGIA PARA O GRUPO SITUACIONISTA
Nem é preciso tanta engenharia. Basta estimular a oposição dividir-se, de preferência com as duas campanhas mais ou menos equilibradas. Estará sacramentada a reeleição. Evitar um confronto em par e rachar o eleitorado entre dois candidatos é tudo que deve ser evitado para os que estão no poder. Quanto mais alternativas, melhor para o grupo.
PARA EDILSON E O PDT
Transformar a campanha numa disputa dual com o candidato da situação. Polarizar ao máximo, mostrando-se ser o único capaz efetivamente de vencer o adversário. Com isso, acaba esvaziando a campanha do PT e impedirá que essa lhe tire votos preciosos. Além do mais, como o PDT está na base do Governo Federal, a hora é essa de vincular a imagem do empresário com o do atual do Presidente do país, pois ele teve votação assombrosa no município. Vale também tirar proveito do sentimento do "anti-klebismo" e do "anti-petismo". Como essas duas hegemonias já duelaram excessivamente no passado, a campanha do pedetista tem caminhos largos para explorar esse expediente e mostra-se como alternativa nova para oxigenar a política local.
PARA O PT
Só resta a tentativa de desconstrução de Edilson para mostrar aos eleitores que somente o PT foi capaz de vencer duas vezes o grupo que está no poder e poderá fazer de novo. Se optarem por focar no atual prefeito, pode até lhe tirar alguns votos, mas esses tendem a migrarem para o candidato do PDT. O "anti-klebismo" não vai funcionar para o PT, pois se bater muito nessa tecla, poderá jogar no colo de Edilson os votos dessa turma, afinal, o voto útil vai no sentido de quem se mostrar mais próximo de derrotar àquele que não se deseja que ganhe. E no momento, não é o PT que está encabeçando a oposição. A tarefa é inglória, de fato.
E O IDEAL?
É que todos os cidadãos fossem conscientes e votassem sempre visando o melhor para o munícipio. Mas isso é utopia. Na prática, são outros valores ( nem tanto) em jogo e que dão ritmo às escolhas. O eleitorado de Brotas não comporta três candidatos competitivos, sempre um será esvaziado no abrir das urnas. Bom pra quem está na frente, pois deixa a estrada mais cômoda. A tal frente ampla parece não fazer muito sentido na terrinha, justamente porque os atores têm visões individualizadas, ante aos anseios da coletividade. Sorte para uns; azar para muitos!
Fotos Reprodução
Por Rôney Araújo
01/08/2023
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